terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Um medo

Existe um medo no meu coração.
Um medo que me arranca palavras e lágrimas,
que me atraca à solidão.
Existe um medo que empretece o azul do céu.
É uma chuva de vidro estilhaçado, fina,
de vez em quando,
forte como um temporal.
Existe um medo que emudece os sons.
Que silencia o meu cantar.
Que faz pálida a minha pele.
Existe um medo que aborta sonho.
Aborta casa. Aborta tudo.
Meu coração tem um medo.

Ah, o que foi que eu pedi que veio tão condicionado às lágrimas?
Será o pés na água salgada adiantando o gosto que viria dos olhos?
Ah, o que foi que eu pedi que veio assim acorrentado?
Eu sempre quis a liberdade. Eu sempre quis a chave.
Mas existe um medo no meu coração.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Eu disse.
Não sei como, não sei.
Eu disse.

Palavras, então, tudo virou.
Virão palavras?
O que virá?

Silêncio. Mudez.
Sofreu o tempo, o limbo.

Não diga.
Não.
Não espere.
Há um coração solitário nesta mesa.
Um jogo, um labirinto.

Fechei os olhos.
Escrevo como quem alcança a alma.
Respiro.
Salta coração. Salta!

É agora.
É a sua hora.

Eu disse: há um labirinto.
Eu disse, não sei.
Há, pois bem, um caminho sendo trilhado.
Bonito, encantado.
Forte.
Mas
Esse caminho que sigo,
Esse caminho
É meu?
Este é o meu caminho?

Fechei os olhos de novo.
Porque dói.


domingo, 12 de julho de 2015

Não era, era eu.

Não era.
Era ele.
Não era novela, nem clipe de música.
Não era escola, nem fruta depois da aula.
Não era o canto do passarinho
Nem a onda na praia.

Não era.
Era ele.

Era mel no café da manhã.
Era o espelho do céu.


domingo, 17 de maio de 2015

Preparar

Alma à dentro, gritei:
"Sonho à vista!".
Preparar para ancorar.

Clareza

Clareza. É o que eu desejaria ter se pudesse ter algo. Mas o dias tem passado tão rapidamente que o olhar para si fica cada vez mais distante. Mais fácil fechar as portas, apagar as luzes e puxar o edredom.
O escuro empretece até o que lateja à alma. 



domingo, 5 de abril de 2015



Sobre reflexões: qual a medida da persistência?

Ementa

Ementa da poesia.
Licor. Sol. Mormaço queima. Veludo. Calor. Meia noite. Paris. O que se é quando não se é nada. Incidência do artigo 1º da Lei da Vida, "o acaso é amigo do meu coração". Falta ar, falta janela. Fecha porta. Bons sonhos.

Dia de sol

Houve um dia que o sol não se pôs, os pássaros rodeavam o entardecer com um antigo fulgor... A brisa quente vindo do mar soprava e meus olhos piscavam reagindo à poeira que levantava da areia da praia. O mar sutilmente alcançava meus pés descalços... As pessoas ao redor não entendiam, tampouco queriam. Eu ainda posso sentir o vento nos meus ombros, o afago das conchas na areia, essa sensação que só o mar pode causar. É o tempo que para ou é o tempo que voa? Um coração repleto de uma efêmera plenitude. Pertencer àqueles que aqui não pertencem.