terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Pra quem você entrega o seu melhor?

Se for para qualquer um, já digo, nesta boa intenção padece um erro de premissa. O seu melhor, aquilo que te distingue dos outros seres, que desperta o amor, a intimidade, a sutileza dos momentos singulares, aquilo que é o seu tesouro... isto merece ser de poucos.

Não confunda isto com avareza de coração. Não. Seja para muitos, infinitamente e sempre. Espalhe bondade e sorrisos. Encantos e presteza. Coloque a sua alma a serviço do seu próximo. Mas, deixe-a que pertença a si e aos seus. Para que não se torne refém do que validam os demais.

Seja para muitos, eu digo, novamente. No entanto, seja de poucos. A sua assembleia de vozes, os seus juízes, os seus faróis. Não os dê facilmente a qualquer um. Aquilo que mais te pertence, é, também, o seu melhor. Não os vulgarize na trivialidade das relações.

Amar é pão feito em casa, diria Leminski. Frivolidade não é amar. E se engana quem não entende as reservas do coração.