domingo, 15 de outubro de 2017

Falta esperança, é verdade. Dias em que o cansaço consome tudo de bom por dentro e quase nos convence que podemos desistir sem nada sentirmos. Que não nos importamos em não conseguir.

Nestes momentos, eu dirijo pra um lugar de vento. 
Um lugar onde eu possa ver o céu e sentir o vento. 

Então, eu me deixo absorver pela imensidão que é o mundo. Me sentir pequenininha diante de tudo. Me sentir uma partezinha de tudo. Vejo o movimento da vida. Sinto todas as coisas no agora. Esvazio a minha mente.

Deixo o cansaço, finalmente, me consumir. Sinto tudo com muita verdade. Deixo aflorar todos os sentimentos, sem manipulação. Se der vontade de chorar, eu irei. Se der vontade de sorrir, eu irei. Se eu não sentir nada, em silêncio, ficarei bem. Pouco a pouco, eu sei que o vento vai chegar dentro de mim, o céu vai se engrandecer e me alcançar. 

Se eu estiver de frente para o mar, o balanço das ondas vai guiando as batidas do meu coração. O cheiro do sal vai me libertando das minhas frustrações. Se eu estiver em uma janela em um décimo quarto andar qualquer, é do barulho das ruas este papel. Do movimento abarrotado do cotidiano. Se eu estiver na natureza, o tumulto das folhas das árvores vai acender em mim algo que nem saberia explicar. Aquilo que nos move por este momento infindável que é o presente.

O importante é sentir o vento e ver o céu. Olhar pra tudo isto que existe e enxergar dentro de si a mesma chama que movimenta o mundo. 

Saber que há um lugar para si em meio ao barulho da mente. E que, verdadeiramente, não há mal nenhum em desistir. Desde que isto traga paz. 

A paz que eu procuro ainda não achei. Em desistir ela não reside. Levanto a cabeça. Sacudo a poeira. Projeto o presente na ficção. Ela esta lá. É isto. Eu vou lá buscar.


sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Faxina no meu jardim

Faxina no meu jardim.
Foi assim que eu decidi modificar meus dias. Há momentos em que a gente se encontra impregnado de energias mal-vindas. O olhar pesado do outro. Chega.
Pessoas que olham demais para os lados, muito pouco para dentro e que sempre tem algo a dizer... [cansei só de ter que relatar]. Deixam de admirar para invejar. Deixam de conquistar para justificar, o seu fracasso e a vitória alheia. Chega.
Se a distância física não me é permitida, que então a emocional seja, oras.
Blindagem. Positividade. Bom humor. Admiração. São esses os sentimentos que regam o meu jardim. Minhas sementes já foram plantadas. A terra adubada. E neste terreno não entra mais o cotovelo recalcado dos outros.



terça-feira, 25 de julho de 2017

Oxalá


Oxalá possamos desvendar os mistérios do nosso espírito. Que tenhamos sempre a coragem necessária para dizer "não" quando doer. E o sim quando algo não nos deixar dormir.

Oxalá possamos reconhecer a fagulha que entusiasma o sonho dentro de nós. E persegui-la até o fim. Que tenhamos fraqueza para então nos reconhecer fortes quando assim formos.

Oxalá não pensemos muito no futuro. Para deixar que a beleza das coincidências ofusque nossos olhos como o sol. E, num dia qualquer, acordar com a certeza de que nada depende tanto assim de nós.

Oxalá possamos nos guiar sempre pelo tempo sem enrijecer. Mas não sejamos demasiadamente críticos conosco. Para que possamos nos perdoar vez ou outra.

Oxalá tenhamos o discernimento para sempre olhar para dentro de nós em busca da felicidade. Jamais projetá-la. Mas que nas horas em que trovoar, alguém possa trazer, não a felicidade, mas um um pouco de luz.

Oxalá tenhamos sempre um desejo. Incansável. Uma ideologia. Incurável. Um gosto. Injustificável.

E que jamais esqueçamos que, embora a vida seja um quarto de luz apagada, podemos sempre acender a luz.

quarta-feira, 8 de março de 2017

Palavras de março...

Março. Das águas que fecham o verão. 
Do sonho que se renova com uma nova chance. 
Março. Da força do intransponível. 
Do fogo do inquestionável. 
Aprendo sobre resiliência. Aprendo sobre tenacidade.
Do cultivar empatia. 
Do exercitar compaixão... 
pelas dores... pelas cores... pelos outros... 
Por nós, acima de todos. Por todos, acima de nós.

Março. Do sentimento de liberdade que só a roupa de cama lavada trás. 

Desse cheiro de terra fresca... pronta.

De todas as sementes em minhas mãos, 
As que joguei fora e as que plantei: 
Deram frutos em algum coração, 
Eu sei.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

A compaixão é a grande virtude que distingue os homens.
Mesmo as melhores sementes não vigam no deserto. A procura, sempre, de terras férteis. E mentes ainda mais férteis também.
Sem saber que seu voar era cair, abriu suas asas de papel, desejando o mundo.
Mundo, mundo, é mesmo este o precipício?
Se dissestes que era tão profundo...
Se dissestes que era tão pesado... 
Haveria de ter batido mais as asas, pois de querer-lhe, jamais desistiria.
Mundo, mundo, podem mesmo estas asas serem de papel, pois o bom da vida mesmo é voar.
Pode mesmo este cair ser o meu voo...

Sorrirei, com lágrimas nos olhos, por conhecer este tão inesquecível fim.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Obsessão por liberdade... Tão escravo, quanto livre.

Coisa feito sonhar
Feito areia
E infinito.

Coisa feito querer
Feito cheiro de chuva
E solidão.

Todas essas coisas
Feito o mar
Incansavelmente inalcançáveis.

O tal do viver...
A tal da vida com gosto de nunca mais.