quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Amanheceu

É uma tradição: todos os anos eu encerro ciclos na cidade em que eu cresci. Ainda novinha, sem dimensionar o valor que essa frase teria, colei na parede do meu antigo quarto, em uma cartolina: "amanheceu, é hora de voar". Era, ao mesmo tempo, um desejo, uma ordem, uma ambição. Sonhava em bater as minhas asas para longe, onde eu viveria, então, o meu verdadeiro destino. Hoje, mais cedo, cumprindo o meu ritual, olhando para esse céu, em mais um final de ano, eu soube: eu saí em busca daquilo que eu volto hoje aqui para encontrar. Volto não pela segurança de andar pelas mesmas ruas que sempre andei, não pela familiaridade dos cheiros ou lugares que já não conheço tão bem... Eu volto para reaprender a voar. Todas as vezes. E sempre que for necessário. Aqui esta a minha pista de vôo e de pouso. Onde me reencontro olhando para uma cartolina na parede do céu e pensando: "pois é, amanheceu... É hora de voar".

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