segunda-feira, 8 de junho de 2020

Trilogia: o pôr do sol de sempre

A força da palavra. Que proferimos e escutamos. Que nos fazem no mundo, porque nos mostram perímetros, limites, fronteiras. E, tendo contorno, passamos a ter forma. E a existir. Diante desta força, há perigo? Quais palavras usar? Me pego pensando nisso, constantemente. Sobretudo, porque a autoridade que carregam e imprimem no mundo estão nos -sujeitos-. Ao dizermos quem somos, somos? E quando é o outro quem diz? Ainda em busca dessas respostas. O que sei é: nos mantenhamos alertas e vigilantes. A palavra que a nós é dita não tem o condão de mudar a realidade, de uma só vez, como mágica. Não, é quando ela age de mansinho que corremos maior perigo. Quando ela é sussurrada, reiterada, quando vai nos impregnando mansamente, quando nos permeia simbolicamente, quando nos deixamos sob seu domínio, oculto. É quando estamos sob seu governo que, então, estaremos imantados de toda sua força. Acreditaremos que somos o que a palavra diz. E sobre nós faremos este juízo, que nos assolará de vaidade ou desprezo.

No meu horizonte, de fato, tudo desperta muito, por dentro. Talvez esta seja eu, compensando em outras, o peso de algumas palavras. Medo, ansiedade, angústia, euforia, calma, fragilidade, revolta, indignação, quietude, fracasso, vergonha, reclusão. Brigida, afinal, qual é a palavra que -você- se diz?

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